domingo, 24 de março de 2013

swingin' (in the rain) parte 17

continuação daqui | início

Quando começámos a escrever isto, a ideia era descrever o meio, as pessoas, os sites, os clubes, numa abordagem concisa mas minimamente refletida da coisa.
Não é que tenhamos deixado de lado essa ideia, mas entretanto foram acontecendo coisas interessantes que nos desviaram do caminho traçado. Ou talvez não seja um desvio, talvez seja apenas um aprofundamento.
Seja como for, iremos continuar ao sabor dos acontecimentos, demorando o tempo que quisermos demorar. Mandamos a concisão para as urtigas. Quem quiser lê, quem não quiser não lê. Não prometemos que se aprenda alguma coisa com isto mas talvez sirva de entretenimento. Não prometemos que a coisa aqueça e muito menos que chova. Não prometemos absolutamente nada a não ser um relato e uma outra reflexão sobre os acontecimentos, o mais sinceramente possível, segundo a nossa perspectiva e resguardando sempre ao máximo a identidade das pessoas envolvidas. Saudavelmente servido ao natural, sem corantes nem conservantes, para quem quiser ler ou beber.

Começámos a trocar ideias com um casal que nos despertou a atenção inicial com dois pormenores: primeiro porque apesar de morarem numa ilha, ela é nossa conterrânea. Se bem que, com a sorte que temos tido com os conterrâneos, isso não queria dizer grande coisa, mas sempre era um ponto em comum. Segundo, ele porque ele é bi, e isso desperta sempre a curiosidade da Yin. São muito poucos os homens que têm a coragem de se assumir como tal. Ela já se perguntou como reagirá quando alguém alinhar sem resitência em todas as maluqueiras que lhe passam pela cabeça. Até agora, tem sempre de ir conquistando e leva muitos nãos pelo caminho. Isso não a desanima, muito pelo contrário, ir devagar dá-lhe gozo e confiança, respeitando os limites e ultrapassando-os de vez em quando. Mas e se alguém suficientemente doido disser sim a tudo, sem resistências? É coisa para a assustar. Até agora, todas as suas ideias têm funcionado na prática, umas melhor, outras pior, mas sempre dando para aprender com o processo. O limite é uma fronteira desconhecida mas muito apetecida. Ela tem esta ideia de que toda a gente é potencialmente bi, mas a educação muitas vezes leva a melhor sobre o desejo e as pessoas não se conseguem desformatar da mentalidade vigente. Nem sequer conseguem admitir uma certa curiosidade e é sempre mais fácil para as mulheres fazerem-no, pois a sua educação permite um contato mais próximo. No meio swinger, a esmagadora maioria das mulheres assume-se como bissexual, mesmo nunca tendo tido nenhuma experiência. Estando lá a vontade, a experiência segue-a, é tudo uma questão de oportunidade. Nunca estivemos com nenhuma mulher que não o fizesse. Mas ser bi não significa obrigatoriamente gostar de ambos os sexos da mesma forma ou querer foder com toda a gente. Não é um estilo de vida, muito menos uma opção. a única opção que pode existir é o assumir ou não da curiosidade, da vontade.
Mas voltemos ao tal casal. Vinham ao continente passar o Natal e lembraram-se de combinar um encontro, afinal de contas, era já ali, a uns escassos passos da estadia, uma agradável esplanada (mais agradável no verão, diga-se, mas ainda assim simpática de inverno, com os aquecedores de teto) onde servem um chocolate quente cremoso que recomendámos. Tínhamos trocado muito pouca informação, as contas do facebook e algumas conversas online. Se fôssemos para mais longe, a Yin iria querer saber mais, para não arriscar fazer a viagem e não haver grande empatia. Mas como estávamos em casa, lá fomos à aventura, movidos pela curiosidade.


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